OS DIAS DE FESTA

Ernesto K. Menslin

Nos livros do Antigo Testamento encontramos muitos dias festivos que eram solenemente guardado porque faziam parte do ritual judaico, que, após a vinda de Cristo caiu em desuso, mas hoje ainda geram polemicas.
É preciso de um estudo minucioso das leis judaicas para separa-los dos dias santos que ainda vigoram. As principais polemicas giram em torno do sábado do sétimo dia e dos sábados cerimoniais.
As passagens que iremos abordar para muitos parecem complexas, alguns querem atribuir os sábados mencionados nesses versos ao sábado do sétimo dia, logo veremos que não é bem assim.
Em Gálatas 4:8-11 diz. Outrora, porém, não conhecendo a Deus, ser-vi-eis aos que por natureza não são deuses. Mas agora conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecido por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós que eu tenha trabalhado em vão para convosco.
Paulo fala á igreja cristã de Gálata que era formada por gentios e judeus convertidos ao cristianismo.
Na ausência de Paulo, lideres judeus ortodoxos se infiltraram entre os cristãos, convencendo-os a voltarem as raízes antigas. Impondo-lhes os rituais judaicos que consistia em ordenanças, os quais vigoraram somente até a morte de Jesus porque os sacrifícios de animais com todas as suas cerimônias apontavam para o sacrifício de Cristo.
Para conhecer o significado dessas festas é preciso voltar um pouco ao passado.
A religião judaica recebera de Moisés, por ordem divina várias leis complementares que no seu devido tempo iriam caducar.
Essas leis foram dadas após a entrada do pecado no mundo. Não substituíram a lei moral que são os dez mandamentos. Foi uma espécie de tempo de graça que Deus ofereceu desde Adão até a morte de Jesus. Funcionava da seguinte maneira.
Os dez mandamentos formam um código divino que é o principio básico da vida. Em salmos 111:7e8 diz: As obras de suas mãos são verdade e juízo; fieis todos os seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre. (Eterno) São feitos em verdade e retidão.
Em Mateus 5:18 Jesus diz: Até que o céu e a terra passem nenhum jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. Todos devem se orientar por essa lei.
Em Romanos 3:20 diz: Porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Em primeiro João 3:4 diz: Todo aquele que comete pecado, quebra também a lei; porque o pecado é o quebrantamento da lei.
Adão transgrediu a lei, mereceu a morte. Ele e todos os seus descendentes continuaram pecando, todos estão debaixo da condenação da lei. Pela lei ninguém poderá ser salvo porque ela apenas aponta o pecado.
Aqui entra a misericórdia que Deus prometeu a Adão. Em João 3:16 diz; Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
O filho Jesus não aboliu a lei, mas pagou a culpa dos pecadores que transgrediram a lei, morreu em nosso lugar, com seu próprio sangue, cumpriu a exigência da lei que continua vigorando.
Jesus não veio morrer logo após o primeiro pecado que Adão cometeu, mas estabeleceu um tempo pré - determinado, e quatro mil anos mais tarde veio consumar a obra de sacrifício prometido em prol da humanidade.
Durante todos esses anos, Deus estabeleceu uma lei paralela, chamada lei que consistia em ordenanças, ou lei que consistia em cerimônias.
A aplicação dessa lei fazia lembrar ao pecador que ele estava condenado á morte, e só pelo sacrifício do filho de Deus podia ser salvo. Cada vez que alguém pecasse devia sacrificar um substituto de Cristo, a saber: Conforme o pecado, devia ser o animal para ser degolado.
O sangue dos animais não tinha poder de perdoar pecados, mas a fé do pecador no sacrifício de Jesus que um dia haveria de acontecer. Quando o pecador sacrificava o animal e confessava sobre ele o pecado que ele mesmo cometeu, este, era simbolicamente transferido para a conta de Jesus que assumiu toda a divida do pecado.
Com a organização da nação judaica, foram instituídos dias próprios para esses sacrifícios, e outras festas foram acrescentadas, algumas delas duravam semanas, por isso Paulo diz: as suas festas, as luas novas e os sábados.
Quando Paulo menciona os sábados, não estava se referindo ao sábado do sétimo dia da lei de Deus, porque esse sábado da lei é eterno e jamais poderá ser extinto porque na nova terra continuará a santificação do sétimo dia da semana em adoração ao Criador Isa:66:22 e 23.
Mas os dias de festas também eram chamados de sábado, porque sábado significa descanso, esses dias eram moveis. Ás vezes coincidia que o dia de festas caía sobre o sábado do sétimo dia da semana, sobre o dia do Senhor, então era considerado dia grande, porque era a comemoração do sábado da lei de Deus e o sábado do dia festivo. Essas festas da lei cerimonial eram exclusivas dos judeus. Os gentios não podiam participar, a menos que aceitassem o judaísmo e aderissem a todos os rituais, inclusive a circuncisão que era um requisito primordial de todo judeu.
Paulo diz em Efésios 2:14 a 16. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um: e, derribando a parede de separação que estava no meio. Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz. E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.
Essas festas cerimoniais faziam a diferença entre judeus e gentios, e Paulo advertiu aos Gálatas que não participassem dessas festas porque essas já haviam alcançado seu objetivo, Cristo já havia morrido e elas caducaram. Segundo Paulo; A partir da morte de Cristo todos, tanto judeus como gentios deviam se unir em torno de um mesmo Salvador que é Jesus.
O sacrifício de Cristo não aboliu a lei de Deus, mas a lei dos sacrifícios, substitutos que mediou o perdão ao pecador enquanto o sacrifício definitivo de Cristo não se realizou.
A partir de então não há diferença entre judeus e gentios, todos são iguais perante Deus, todos tem a mesma oportunidade de salvação, todos podem ir direto até o trono da graça onde Cristo intercede por nós. Antes só podíamos chegar a Deus através do sacerdócio judaico. O próprio Jesus disse que a salvação vem pelos judeus. Referindo-se a Ele que também era judeu.
Os lideres judaicos queriam impor aos novos conversos ao cristianismo de Gálata, as tradições e costumes que já haviam caducado pela morte de Jesus. A partir de Cristo, não precisamos mais sacrificar animais que representem o Seu sacrifício, vamos direto a Ele, por que Ele é a nossa paz, e esperança.
Mas porque precisamos ir a Ele? Porque somos pecadores. E se pecamos é porque transgredimos a lei dos dez mandamentos, que ainda está vigorando. Muitos cristãos crêem que ela foi abolida, se assim fosse não precisaríamos pedir perdão, e nem ir á Jesus porque, onde não há lei não há transgressão.
Mas a lei permanece e continuamos pecando por isso precisamos de Cristo. Não confundamos, o sábado do sétimo dia que é inserido na lei dos dez mandamentos permanece intacto. O que Paulo procurou ensinar aos Gálatas é que dias, meses e anos que antes haviam sido separados para as festas cerimoniais não salvam, somente Cristo é nosso salvador.
Também aos colossenses 2: 13 em diante Paulo escreve dizendo: E quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas. Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. Verso 16.
Portanto ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber ou pelos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. Que são sombras das cousas futuras, mas o corpo é de Cristo. Estas leis, que são cerimoniais, além do sacrifício dos animais eram dias festivos, com comida e bebida que em nada ajudou o pecador. Em vez de estas festas aproximarem os judeus mais de Deus, nelas, com suas orgias se aproximaram sempre mais dos cultos pagãos.
Muitos séculos antes da morte de Cristo já fora profetizado o repudio e o enfado de Deus contra esses eventos abomináveis. Oséias 2:11 diz: E farei cessar todo seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades.
O profeta mencionou os seus sábados, porque eram exclusivamente dos homens. O sábado do sétimo dia nunca foi comemorado com comida e bebida, eram reuniões solenes, dia consagrado inteiramente ao Senhor. Em Ezequiel 20: 12 diz: Também lhes dei os MEUS sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles: para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.
No verso 20 diz: E santificai os MEUS sábados, e servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o senhor vosso Deus. Os MEUS e os SEUS faz a diferença. O sábado do sétimo dia é do Senhor e continua como sinal entre Deus e seu povo e permanece para sempre. Quanto aos vossos ou seus sábados que era festa com comida e bebida, esses foram abolidos.

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